Factos mais
relevantes na história dos transportes de Braga
1874
Início dos
Transportes Públicos de Braga
1875
O então concessionário da
Companhia Carris não pôde tornar viável a Empresa. Deu-lhe princípio; mas, aos
primeiros passos viu-se tão embaraçado que se dirigiu ao Sr. Manuel Joaquim
Gomes para o auxiliar.
Tratava-se de um melhoramento
para a sua terra; aceitou… com a prontidão e facilidade que lhe era peculiar,
apreciou o estado da Companhia, reorganizou-a, emitiu mais capital e a breve
trecho… as suas acções que nada valiam, obtiveram num ápice a cotação de 22.500
réis!...
Foi nessa altura que rebentou a
temerosa crise de 1876… O capital falhou e os instaladores desanimaram… M. J.
Gomes não desanimou; e, tomando a seu cargo o audacioso projecto abonou o
capital indispensável e durante cinco anos, geriu, administrou e sustentou
sozinho a nova Empresa que, segundo diziam, lhe comprometeu seriamente os
haveres.
Aberta a exploração, primeiro até
aos Peões e depois até ao Pórtico do Bom Jesus.
Na descrição feita mais tarde por
M. Bento de Carvalho nos seus Apontamentospara
a História de Braga, pode ler-se a dado passo: « … o que foi um
acontecimento para Braga, surpreendida por ver as ruas atravessadas pelos belos
carros americanos, dando-lhes assim uns ares de terra grande…».
O mesmo M.J. Gomes decidiu ainda
« para tornar mais cómoda a viagem até ao templo do Bom Jesus… porque a subida
pelo escadório era fatigadíssima…» estudar a construção dum elevador.
Levou dois anos a concepção e
execução do Elevador do Bom Jesus.
Desconhecido em toda a Península,
este sistema de viação, pois apenas se falava dum mais importante na Suiça cuja
força motriz ( o vapor ) foi considerada uma opção dispendiosa, pelo que se
optou pela utilização da água…
1882
Em 25 de Março - foi finalmente
inaugurado o funicular do Bom Jesus.
Ligado o serviço dos americanos
com o do Elevador, o movimento aumentou e, a breve trecho, M. J. Gomes viu a
impossibilidade de se fazer a tração animal « porque não hvia gado que
resistisse…». Foi pois necessário nos dias de maior movimento que a meio do
percurso fossem colocadas juntas de bois para substituir as que chegavam
fatigadas da cidade, e assim permitir a continuação da viagem até ao Elevador.
Gomes pensou então no modo de
remediar este inconveniente pelo que colheu informações e soube que na Suiça se
fabricavam « machinas de montanha », próprias para terrenos acidentados.
Aproveitou então para as comprar.
1883
A 17 de junho - foram inauguradas
as máquinas a vapor na linha americana dos Peões ao ascensor do Bom Jesus.
Foi
outro dia de festa para a cidade com grande aglomeração de povo ao som de
músicas e fogo.
1891~
A 21 de junho – Na Rua D. Pedro V
a máquina a vapor (chocolateira ) atropelou uma criança que veio a falecer no
Hospital de São Marcos.
Um grupo de homens armou-se de
trancas e esperou a chocolateira que regressava do Bom Jesus. Fizeram parar a
máquina… atacaram o maquinista e mais pessoal… os passageiros fugiram apavorados…
tentaram levantar os carris… contentaram-se em impedir a linha com grandes
pedras…
1894
Em 29 de Setembro – faleceu
Manuel Joaquim Gomes - (Longos, 25 de Setembro de 1840- Suíça, 29 de Setembro de 1894 (54 anos)),.
1905
Em 28 de novembro – A companhia carris de Ferro de Braga,
pede autorização à Câmara Municipal para que os Transportes Urbanos passem a
ser movidos a tração eléctrica.
1907
Em 18 de abril – a Câmara
Municipal abre concurso para a tração eléctrica.
A 16 de julho – é apresentado na
Câmara o parecer da Comissão que elaborou o projecto do contrato de tração
eléctrica.
1910
A 2 de junho – Sob a direcção do
Engenheiro Municipal e com a colaboração do Capitão Lopes Gonçalves, foram
iniciados os estudos da tração eléctrica até ao Bom Jesus.
1913
Em fevereiro – esteve em Braga um
Emgenheiro Alemão encarregado de executar em dois meses o projecto de tração
eléctrica para o Bom Jesus.
A 22 de março – a Câmara pede
empréstimo até 550 contos para a municipalização da tração eléctrica.
Em julho – aprovadas as bases do
concurso da tração eléctrica.
Em agosto – regressaram de Coimbra
o Presidente da Câmara Lopes Gonçalves, onde esteve acompanhado do Engenheiro
Municipal a estudar a municipalização de vários serviços, entre estes, a tração
eléctrica.
1914
Em janeiro – chegaram dois
Engenheiros Ingleses para supervisionar o assentamento da linha eléctrica, que
começou já a ser instalada pela Rua dos Biscaínhos, Campo da Vinha e Rua dos
Capelistas.
Em maio – o Presidente da Câmara
Lopes Gonçalves, foi a Lisboa convidar o Presidente da República a vir à
inauguração da tração eléctrica, convite que não foi aceite.
A 6 de outubro – por não terem
sido convidados para as primeiras experiências da tração eléctrica, os
vereadores camarários pedem a demissão…
A 8 de outubro – primeiras
experiências da tração eléctrica.
Nota:
Registamos com agrado todas as
provas de simpatia que nos foram dirigidas acerca da nossa iniciativa de
escrever sobre « os eléctricos de Braga », o que comprova um aspeto tão
marcante da memória da cidade.
É um facto que muitos « rapazes
de Braga » que hoje contam mais de 30 anos ( actualmente 55!), não foram
insensíveis à nostálgica lembrança.
O que foi mais surpreendentemente
saber, terá sido verificar que os « rapazes de Braga » que ainda não fizeram 30
anos ( hoje 55!), também se solidarizaram com aqueles, não pela nostalgia mas
sim pela frustração ( ouviram muitas vezes os seus pais falar dos eléctricos )
de não poderem agora ver… um que fosse, num qualquer Museu onde pudesse ser
apreciado…
De entre as palavras que nos
foram dirigidas, agradecemos muito especialmente a carta recebida do Sr. Carlos
Augusto Duarte, que tomamos a liberdade de transcrever uma curta passagem…
« (…) agora tenho acompanhado as
crónicas sobre os eléctricos de Braga que com os meus 68 anos (em 1989), muitas
saudades me deixaram… pena é que, com a ASPA, os nossos bons homens de Braga
não façam também as suas críticas… às selvagens demolições (…) ».
Sobre os diversos e constantes
atentados ao nosso Património cultural que na medida do possível, temos
procurado denunciar, o futuro se encarregará de nos dar razão, como o deu,
relativamente aos poucos que na época, disseram não ao destino dos eléctricos.
O impacto que esta coluna tem
vindo a provocar, coloca uma vez mais na ordem do dia aquilo que a ASPA tem
vindo a defender;
O Crescimento da cidade e o Desenvolvimento
do concelho passam inequivocamente pela compreensão – em todas as dimensões
– desta importante herança que constitui o nosso Património Cultural.
2out1989 - dm - ''Entre Aspas'' - ASPA - António Resende
2out1989 - dm - ''Entre Aspas'' - ASPA - António Resende
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