domingo, 2 de fevereiro de 2014

Os elétricos de Braga, foram inaugurados há 100 anos -( IV )-

  IV )
Factos mais relevantes na história dos transportes de Braga

1874
Início dos Transportes Públicos de Braga
1875
O então concessionário da Companhia Carris não pôde tornar viável a Empresa. Deu-lhe princípio; mas, aos primeiros passos viu-se tão embaraçado que se dirigiu ao Sr. Manuel Joaquim Gomes para o auxiliar.
Tratava-se de um melhoramento para a sua terra; aceitou… com a prontidão e facilidade que lhe era peculiar, apreciou o estado da Companhia, reorganizou-a, emitiu mais capital e a breve trecho… as suas acções que nada valiam, obtiveram num ápice a cotação de 22.500 réis!...
Foi nessa altura que rebentou a temerosa crise de 1876… O capital falhou e os instaladores desanimaram… M. J. Gomes não desanimou; e, tomando a seu cargo o audacioso projecto abonou o capital indispensável e durante cinco anos, geriu, administrou e sustentou sozinho a nova Empresa que, segundo diziam, lhe comprometeu seriamente os haveres.
Aberta a exploração, primeiro até aos Peões e depois até ao Pórtico do Bom Jesus.
Na descrição feita mais tarde por M. Bento de Carvalho nos seus Apontamentospara a História de Braga, pode ler-se a dado passo: « … o que foi um acontecimento para Braga, surpreendida por ver as ruas atravessadas pelos belos carros americanos, dando-lhes assim uns ares de terra grande…».
O mesmo M.J. Gomes decidiu ainda « para tornar mais cómoda a viagem até ao templo do Bom Jesus… porque a subida pelo escadório era fatigadíssima…» estudar a construção dum elevador.
Levou dois anos a concepção e execução do Elevador do Bom Jesus.
Desconhecido em toda a Península, este sistema de viação, pois apenas se falava dum mais importante na Suiça cuja força motriz ( o vapor ) foi considerada uma opção dispendiosa, pelo que se optou pela utilização da água…
1882
Em 25 de Março - foi finalmente inaugurado o funicular do Bom Jesus.
Ligado o serviço dos americanos com o do Elevador, o movimento aumentou e, a breve trecho, M. J. Gomes viu a impossibilidade de se fazer a tração animal « porque não hvia gado que resistisse…». Foi pois necessário nos dias de maior movimento que a meio do percurso fossem colocadas juntas de bois para substituir as que chegavam fatigadas da cidade, e assim permitir a continuação da viagem até ao Elevador.
Gomes pensou então no modo de remediar este inconveniente pelo que colheu informações e soube que na Suiça se fabricavam « machinas de montanha », próprias para terrenos acidentados.
Aproveitou então para as comprar.
1883
A 17 de junho - foram inauguradas as máquinas a vapor na linha americana dos Peões ao ascensor do Bom Jesus. 
Foi outro dia de festa para a cidade com grande aglomeração de povo ao som de músicas e fogo.
1891~
A 21 de junho – Na Rua D. Pedro V a máquina a vapor (chocolateira ) atropelou uma criança que veio a falecer no Hospital de São Marcos.
Um grupo de homens armou-se de trancas e esperou a chocolateira que regressava do Bom Jesus. Fizeram parar a máquina… atacaram o maquinista e mais pessoal… os passageiros fugiram apavorados… tentaram levantar os carris… contentaram-se em impedir a linha com grandes pedras…
1894

Em 29 de Setembro – faleceu Manuel Joaquim Gomes -  (Longos25 de Setembro de 1840Suíça29 de Setembro de 1894 (54 anos)),.
1905
Em 28 de novembro – A companhia carris de Ferro de Braga, pede autorização à Câmara Municipal para que os Transportes Urbanos passem a ser movidos a tração eléctrica.
1907
Em 18 de abril – a Câmara Municipal abre concurso para a tração eléctrica.
A 16 de julho – é apresentado na Câmara o parecer da Comissão que elaborou o projecto do contrato de tração eléctrica.
1910
A 2 de junho – Sob a direcção do Engenheiro Municipal e com a colaboração do Capitão Lopes Gonçalves, foram iniciados os estudos da tração eléctrica até ao Bom Jesus.
1913
Em fevereiro – esteve em Braga um Emgenheiro Alemão encarregado de executar em dois meses o projecto de tração eléctrica para o Bom Jesus.
A 22 de março – a Câmara pede empréstimo até 550 contos para a municipalização da tração eléctrica.
Em julho – aprovadas as bases do concurso da tração eléctrica.
Em agosto – regressaram de Coimbra o Presidente da Câmara Lopes Gonçalves, onde esteve acompanhado do Engenheiro Municipal a estudar a municipalização de vários serviços, entre estes, a tração eléctrica.
1914
Em janeiro – chegaram dois Engenheiros Ingleses para supervisionar o assentamento da linha eléctrica, que começou já a ser instalada pela Rua dos Biscaínhos, Campo da Vinha e Rua dos Capelistas.
Em maio – o Presidente da Câmara Lopes Gonçalves, foi a Lisboa convidar o Presidente da República a vir à inauguração da tração eléctrica, convite que não foi aceite.
A 6 de outubro – por não terem sido convidados para as primeiras experiências da tração eléctrica, os vereadores camarários pedem a demissão…





A 8 de outubro – primeiras experiências da tração eléctrica.



Nota:
Registamos com agrado todas as provas de simpatia que nos foram dirigidas acerca da nossa iniciativa de escrever sobre « os eléctricos de Braga », o que comprova um aspeto tão marcante da memória da cidade.
É um facto que muitos « rapazes de Braga » que hoje contam mais de 30 anos ( actualmente 55!), não foram insensíveis à nostálgica lembrança.
O que foi mais surpreendentemente saber, terá sido verificar que os « rapazes de Braga » que ainda não fizeram 30 anos ( hoje 55!), também se solidarizaram com aqueles, não pela nostalgia mas sim pela frustração ( ouviram muitas vezes os seus pais falar dos eléctricos ) de não poderem agora ver… um que fosse, num qualquer Museu onde pudesse ser apreciado…
De entre as palavras que nos foram dirigidas, agradecemos muito especialmente a carta recebida do Sr. Carlos Augusto Duarte, que tomamos a liberdade de transcrever uma curta passagem…
« (…) agora tenho acompanhado as crónicas sobre os eléctricos de Braga que com os meus 68 anos (em 1989), muitas saudades me deixaram… pena é que, com a ASPA, os nossos bons homens de Braga não façam também as suas críticas… às selvagens demolições (…) ».
Sobre os diversos e constantes atentados ao nosso Património cultural que na medida do possível, temos procurado denunciar, o futuro se encarregará de nos dar razão, como o deu, relativamente aos poucos que na época, disseram não ao destino dos eléctricos.
O impacto que esta coluna tem vindo a provocar, coloca uma vez mais na ordem do dia aquilo que a ASPA tem vindo a defender;
O Crescimento da cidade e o Desenvolvimento do concelho passam inequivocamente pela compreensão – em todas as dimensões – desta importante herança que constitui o nosso Património Cultural.
2out1989 - dm - ''Entre Aspas'' - ASPA - António Resende

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